A interculturalidade como inclusão social e pessoal
Dentro dos padrões de convivência, as diferenças, tanto étnicas quanto
sociais, são pontos de discussão que abrem um viés para que se possa chegar a
um âmbito de vivência agradável. Evidentemente que não são somente esses dois
traços que acaloram a discussão, mas são tidos como base para que se possa
viver em sociedade, independentemente da origem do indivíduo. Como ponto de
inclusão entre seres aculturados, a educação tem uma missão ampla e composta, deve
conseguir aliar sociedade e cultura dentro de um ambiente sem acontecer colisão
ou exclusão dos indivíduos, sintonizando as diferenças culturais e tornando a
sociedade mais maleável e compreensiva.
Dentro de muitos padrões, a interculturalidade é uma novidade que se
espalha e encontra barreias para ser aceita, embora haja muito tempo que o
homem viva trocando experiências culturais, ainda assim encontra pontos de
dificuldades para ser aceito dentro de uma cultura que não é a sua de origem.
Para Cámara e Pantoja (2014, p. 38): “Nesse sentido, as estruturas culturais
não são um acréscimo à existência humana, são uma condição de possibilidades.
Ainda em múltiplas culturas diferenciadas”. Mesmo dentro de uma cultura que tem
uma série de variedades culturais, aceitar um indivíduo que seja de outro local
se torna um obstáculo para os cidadãos, porque não sabem lidar com esse ser de
tendências diferentes.
O primeiro desígnio
de alguém que vê as múltiplas variedades culturais adentrarem no seu ciclo de
vivência é manter-se afastado ou afastar o indivíduo que, para a sua visão, é
um “invasor”. Portanto, deve se avaliar para que se percebam as mudanças que
ele terá de fazer para se adaptar à vida dentro da sociedade e quais reformulações esse novo indivíduo provocará. Conforme
Cámara e Pantoja (2014, p. 38): “Em definitivo, dado que o ser humano é
constitutivamente multicultural, a opção lúcida não vai na linha de combater
essa multiculturalidade, mas na de regulá-la
visando evitar seus excessos e dinamizar
suas potencialidades”. Para o processo ser de uma integração cultural é preciso
que se potencializem todos os saberes. Ambos os lados devem estar abertos para
que a troca de conhecimentos seja mútua e significante, tanto para quem estar
recebendo alguém de outra cultura, como para quem está chegando a um novo
ambiente cultural.
Como forma de integração social, a interculturalidade baseia-se em todos
os modos de convivências possíveis, agregando conhecimentos, ao mesmo tempo em
que expõe seus saberes. Amplamente vista como uma nova tendência de integração
cultural, a interculturalidade é uma abordagem que visa respeito entre cidadãos
e um clima de convivência amigável entre pessoas e suas características
singulares, que pode gerar uma aceitação entre cidadãos. Segundo Cámara e
Pantoja (2014, p. 39): “Suas finalidades entram em cheio no campo da ética, do
compromisso pessoal e da justiça; são atitudinais, e procedimentais, tanto ou
mais que cognoscitivas”. Ao receber um ser de outra cultura, tudo deve ser levado
em consideração, desde os primeiros contatos até a forma de relacionamento em
relação ao respeito pelo novo que esse indivíduo traz para a sociedade atual.
A percepção de um
novo fato, um novo costume, uma nova aprendizagem é um componente muito relevante
para a sociedade receptora: Cámara e Pantoja (2014, p. 39): “Nessa perspectiva,
as diferenças culturais não são percebidas como déficits ou como carências, mas
como algo natural”. Essa amostra de cultura pela sociedade receptora é uma ação
de cumplicidade no quesito aceitação e, ao mesmo tempo, é umato civilizatório, demostrando respeito e compreensão pela cultura do
outro.
1.2 Bases que sustentam a interculturalidade
Vários âmbitos educacionais estão dando sustentabilidade sólida no
processo de formação da educação intercultural; algumas fundamentações estão
dando embasamentos que sustentaram e farão a interculturalidade ter uma grande
valia para a construção de uma sociedade mais justa e cidadã. Tanto a
antropologia quanto a psicologia e a pedagogia estão sendo as correntes
teóricas que possibilitarão a interculturalidade ser um elo entre a cultura que
recebera um novo indivíduo e as várias formas de integração social. Para Cámara
e Pantoja (2014, p. 44): “Referimo-nos a conceitos como cultura, grupo étnico,
minoria cultural, marginalidade, subcultura, aculturação, etc.”. Esses
referidos tópicos são os conceitos que podem afastar os indivíduos de uma
sociedade ou pode uni-las se forem pelo menos razoavelmente entendidos; com
essas contribuições da antropologia é possível levar a cultura e a educação
juntas em uma mesma direção que culminará na melhor maneira de fazer a ligação
entre interculturalidade e educação. Antropologicamente, várias contribuições
ajudam o processo intercultural a se desenvolver com mais facilidade dentro de
uma sociedade. Essas contribuições elevam a cidadania a um grau maior que
poderá levar a uma convivência respeitosa e harmônica.
Interagir e construir
as relações humanas fazendo uma integração entre vários grupos, mostrando a
interação e o nível cultural e fazendo uma descoberta nova a cada entrosamento,
possibilitando, assim, respeitar e ser respeitado pelas diferenças. Ao mesmo
tempo em que se colocam como ponto positivo as relações pessoais e culturais, a interculturalidade e a antropologia
buscam mostrar a sociedade como é possível manter uma ligação entre educação,
cultura, respeito, interação e construção de uma nova realidade. Consoante
Cámara e Pantoja (2014, p. 45): “Uma interessante contribuição antropológica a
partir da crítica realizada ao relativismo cultural; essa crítica tem gerado
novos enfoques antropológicos interacionista e construtivista a darem ênfase ao
dinamismo e ao intercâmbio de todo contato entre culturas”. Essa interação
entre culturas torna mais fácil e compreensiva a interculturalidade dentro de
um ponto de vista antropológico.
Também é possível facilitar a compreensão da interculturalidade pelo
campo da sociologia, que estuda a formação dos grupos, o sistema educacional e
as relações sociais, assim como as aceitações pelas tradições culturais, as
relações de gêneros e os ensinamentos de cada cultura, bem como as absorções e
transmissões mútuas de conhecimentos. Para evidenciar melhor as contribuições
da sociologia, pode-se destacar a etnocultural como uma forma de quebrar ou de
construir meios para a interação, simultaneamente cuidando para que haja uma
maior integração entre culturas, uma maior igualdade dentro do campo social,
assim como o respeito pelas diferenças, crenças, tornando a cultura um bem
coletivo.
Dentro do enfoque
sociológico que ressalta as relações pessoais e culturais, o meio educacional é
um dos mais visados por proporcionar aos alunos locais oriundos de outra região,
a interação pessoal e o coleguismo escolar para que as culturas possam ser
respeitadas e se atinjam os objetivos educacionais e sociais. Ao mesmo tempo em
que a antropologia e sociologia se mantêm empenhadas para fazer a
interculturalidade funcionar no contexto social e cultural, a psicologia também
coloca suas contribuições com dois empenhos distintos. Primeiro indica o social
como uma relação extremamente importante, pois esse lado de interação social está como uma base para um bom
relacionamento interpessoal e cultural, uma vez que esses contatos têm uma
relação de culturas, multiculturas, baseando-se em uma troca de conhecimentos
favoráveis a ambas as partes. Para que não exista um sentimento de perda ao se
adentrar em outra cultura é preciso que a psicologia esteja como mediadora no
processo de interculturalidade.
Como auxiliar da sociologia, da psicologia e da antropologia, a
pedagogia traz sua contribuição de extrema importância, pois adentra no
contexto educacional, trazendo para o convívio social e pessoal o respeito
pelas diferenças étnicas, sexuais, financeiras, sejam quais forem, agregando
uma construção de conhecimentos mútuos, dando um real significativo à educação
e seu contexto cultural. Como mediadoras da interculturalidade, essas
modalidades de ensino-aprendizagem citadas contribuem para a formação do homem
como cidadão e formam pessoas que aprendem a não discriminar, a ensinar para aprender
e aprender para ensinar, auxiliando significativamente para o conhecimento de
outras culturas e até mesmo do ato de conviver com pessoas que tem formas
diferentes de enxergar cada item da sociedade onde vivem ou onde passaram a
viver. A interculturalidade é uma novidade no meio educacional e precisa ser
trabalhada para que não haja discriminação por nenhum ângulo de um indivíduo.
1.3 A educação intercultural e seus modelos de ensinamentos
Para Cámara e Pantoja (2014, p.
45):
O racismo é uma ideologia que justifica a
defesa de um sistema segundo o qual certos indivíduos gozam de algumas
vantagens sociais decorrentes de sua pertinência a um determinado grupo. O
racismo é um fenômeno complexo no qual intervêm múltiplos fatores: econômicos,
políticos, históricos, culturais, sociais, psicológicos.
Usar de racismo pode não ser uma falta de respeito, mas de proteção do que
se construiu dentro de uma sociedade e que aos poucos as pessoas vêm se
apoderando. A partir de todos esses fatores, a educação precisa estar fazendo a
interligação de pessoas oriundas de outras culturas e possibilitando seu acesso
e sua continuação para que não exista um aculturamento com perdas e, sim, uma
aceitação pelas diferenças.
O que se trabalhara
na educação antirracista é a aceitação do ser como alguém que pode agregar em
seu aprendizado uma variedade de conhecimentos culturais e que mesmo estes
sendo diferentes na sociedade que está inserido, merece respeito pelas suas
referências culturais. Em suma, o que uma educação intercultural deve promover
para atingir seus objetivos é: “1. Reconhecer e aceitar o pluralismo cultural
como uma realidade social. 2. Contribuir para a instauração de uma sociedade de
igualdade de direitos e de equidade. 3. Contribuir para o estabelecimento de
relações interétnicas harmoniosas” (CÁMARA e PANTOJA, 2014, p. 45). A educação
tem o papel de extrema importância para que a interculturalidade seja uma
realidade vivida e aceita na nova sociedade à qual o indivíduo vai adentrar,
ela deve guiar os receptores na aceitação do recém-chegado assim como também deve
guiar A educação intercultural dentro de seus vários modelos converge para uma
aceitação e um respeito entre indivíduos que se socializam e se respeitam por
suas diferenças, seja em um contexto holístico (onde os valores se refletem em
uma diversidade cultural, ao mesmo tempo em que convergem para a valorização da
etnia, da cultura e do pluralismo intercultural), seja dentro da educação
global (que valoriza a educação da valorização de todas as culturas).
Mesmo existindo essa preocupação com os valores educacionais e culturais,
outro modelo de educação que tenta fazer essa interligação cultural é a
educação bicultural[1].
Conforme Cámara e Pantoja (2014, p. 45): “Direitos de manterem sua identidade
bicultural (identificação com a cultura de origem e assunção construtiva dos
valores da cultura dominante)”. Com essa vivência em um meio cultural que não é
o seu, é preciso entender que o ambiente cultural maioritário não deve nunca
sublimar sua cultura, mas aliar a ela conhecimentos, respeito e boa
convivência.
A educação intercultural visa formar cada pessoa para que a cultura do
outro seja reconhecida como uma forma única de cada um; que a diversidade
cultural seja uma aprendizagem com resultados a curto, médio e longo prazo; que
cada grupo cultural seja visto como uma extensão da sociedade e não como
indivíduos marginalizados pelo sistema; que a educação cultural seja uma das
fundamentações básicas da educação envolvendo comunidades, grupos culturais de
todas as tribos étnicas e de todos os nichos sociais.
1.4 A diversidade cultural e a educação
A globalização está em um estado de avanço gigantesco e cria uma
dualidade entre as culturas que consegue abranger, implantando costumes e
trazendo novidades e conceitos de outros países que até então eram
desconhecidos e, paralelo a isso, acaba infiltrando novos indivíduos com hábitos
culturais distintos em sociedades que não estavam habituadas à outra cultura.
Junto a isto, a educação encontra uma resistência em não preparar professores
voltados para encararem a interculturalidade como uma base na formação dos
alunos. Construir e descontruir conceitos cabem ao educador na sala de aula e,
para tanto, a sua formação deve estar voltada também para as multiplicidades
culturais e aliada à globalização com educação numa formação mais cidadã.
Para Cámara e Pantoja (2014, p. 58): Em um momento em que a cultura está cada vez
mais desterritorializada, com um aumento constante do volume e da velocidade de
transmissão de informação e da difusão incontrolada de características
culturais, cabe reconsiderar as presumíveis áreas culturais separadas.
Com o advento das tecnologias de informações, os fatos circulam rápidos
demais, percorrendo assim muitas culturas, infiltrando hábitos e costumes em
locais que são fechados e não preparados para essa enorme globalização. Tanto a
globalização quanto a tecnologia estão muito avançadas, e a educação ainda não
conseguiu acompanhá-las a ponto de realizar um trabalho satisfatório para
alunos e sociedade. Mesmo assim, a educação tem avançado muito em todos os campos
educacionais relacionados à interculturalidade, mostrando como é viver em
locais com muitas culturas e mesmo assim respeitá-las pelas suas diferenças.
Dentro do campo educacional e cultural, a diversidade é uma onda
gigantesca que abrange cada vez mais a sociedade, criando e mostrando como é
fácil aprender e como se deve ensinar a novos membros os costumes da sociedade
à qual ele está inserindo. Ao se falar de diversidade cultural engloba-se todos
os pontos possíveis sobre a cultura do indivíduo que se insere numa outra
cultura. Conforme Cámara e Pantoja (2104, p. 58): “Assim é que sociedades
relativamente homogêneas tornam-se sociedades multiculturais, falando-se da
‘explosão da diversidade’ cultural, étnica e racial no seio das cidades e
povoados que estão recebendo importante quantidade de imigrantes”. Assim se faz
a interação entre culturas, discutindo e valorizando saberes sejam eles
oriundos de onde for, colocando, portanto, em prática a combinação entre
cidadania e educação para poder ampliar os horizontes que formam uma sociedade
que tem na sua base a educação e respeito.
A construção de uma
sociedade interculturalista não se baseia somente em receber bem o imigrante,
mas de integrá-lo dentro da cultura local e aceitá-lo com suas
particularidades, sejam elas sobre a língua, sobre a etnia ou a crença. A educação deve centrar-se
na formação do imigrante como se ele fosse nativo e não somente um passageiro;
o bilinguismo precisa ser um dos menores problemas, uma vez que a cultura ainda
é a base de um individuo.
Para Candau e Kelly (2010, p.157):
Na nova
configuração, o bilinguismo deixa de ser visto apenas como estratégia de
transição ou meio para manutenção de uma cultura ameaçada, para ser inserido em
um discurso mais amplo, onde a perspectiva intercultural pressiona o modelo
escolar clássico e inclui nela não apenas diferentes línguas, mas, sobretudo,
diferentes culturas.
O processo de comunicação é
importante, mas é preciso que se mantenha a cultura como a base que sustenta o
cidadão onde ele estiver. A escola deve estar sempre um passo à frente nesse
processo de formação do educador, para que o mesmo seja uma referência no sistema
educacional, fugindo do sistema clássico e adentrando numa modernidade
cultural, criando um ambiente escolar repleto de novidades culturais. Pois se
se entende a cultura como a base de sustentação de uma sociedade, tudo deve ser
levado em consideração.
Para Cámara e Pantoja (2014, p.
60):
Como um
horizonte de diálogo e negociação, em que compreender as outras culturas é
indispensável para compreender a própria e onde a partir do conhecimento e
respeito pelo próprio se constrói a capacidade de conhecimento e respeito do
diferente.
Consoante Freire (1985, p. 34):
A cultura não
é só a manifestação artística e intelectual que se expressa no pensamento. A
cultura manifesta-se, sobretudo, nos gestos mais simples da vida cotidiana.
Cultura é comer de modo diferente, é dar a mão de modo diferente, é
relacionar-se com o outro de outro modo. A meu ver, a utilização destes três
conceitos – cultura, diferenças, tolerância – é um modo novo de usar velhos
conceitos. Cultura para nós, gosto de frisar, são todas as manifestações
humanas, inclusive o cotidiano e é no cotidiano que se dá algo essencial: o
descobrimento da diferença.
A cultura de cada indivíduo é o
seu cartão de apresentação, e suas expressões estão ligadas à forma como ele
aprendeu a diferenciar-se no meio em que vive. A cada nova descoberta de algo
no cerne de uma manifestação cultural, a formação do homem se estabelece e se
fortalece num contexto social onde as pessoas acabam se reconhecendo e se
encontrando dentro de uma sociedade que abre espaço para todas as diferenças
culturais. Para Cámara e Pantoja (2014, p. 71): “As pessoas se identificam no
decorrer de um processo de interiorização com grupos e traços com que se definem,
e que descobrem como próprios e definidos do próprio ser pessoal”. São esses
conhecimentos que formam e estruturam a cultura de uma sociedade e no segmento
desses padrões de diferenças cada ser é único e diferente, sendo capaz de
receber e proporcionar aprendizagens grandiosas.
Mesmo estando dentro de seu
próprio país, mas mudando de uma região para outra, a cultura de uma pessoa
será ainda vista de forma diferente, seja pela linguagem, seja pelas suas
características étnicas e até mesmo pela diferença social. A não aceitação de
uma pessoa pela nova sociedade que elaadentra torna-se uma dificuldade
com obstáculos incontáveis e desnecessários, mas a sua identidade não se perde
quando se passa de uma cultura para outra: “A identidade não é só uma autopercepção,
mas uma relação dinâmica e interativa com os outros” (CÁMARA e PANTOJA, 2014,
p. 71). Dentro de cada sociedade, a interação deve ser uma constante para que
não se percam as memórias e as aprendizagens; para que se fortaleça a sua
condição humana e a noção de que suas diferenças necessitam de respeito, assim
como as distinções dos outros também: “O nicho cultural em que iniciamos a
vida, as primeiras experiências, a família, as amizades e relações marcarão e
colorirão afetivamente nossa pessoal trajetória indenitária” (CÁMARA e PANTOJA,
2014, p. 72). Desde a infância são construídas memórias que sustentaram a
formação do cidadão e moldaram seu caminhar – e ao trilhar um caminho dentro de
uma sociedade, ergueram com base sólida sua identidade cultural.
As culturas que se entrelaçam
através dos indivíduos acabam por se fortalecerem pela troca de experiências e
de conhecimentos e geram respeito mútuo, criando uma sociedade de muitas
culturas ao mesmo tempo em que o respeito é a base que liga seres culturais,
respeitando-se as diferenças: “O outro nos faz compreender e apreciar nossa
própria identidade” (CÁMARA e PANTOJA, 2014, p. 73). Vendo o outro é possível
ver o reflexo do que somos e a compreensão de nossos defeitos, ao mesmo tempo
em que se aprende a respeitar as diferenças de outrem. Para a educação, a
interculturalidade é uma construção forte e que tem como alicerce a contribuição
da cultura aliada à formação do homem construindo uma sociedade mais justa e
humana, proporcionando, com efeito, igualdade entre pessoas e minimizando as
diferenças socais, étnicas, culturais, ou seja, toda diferença deve ser
respeitada.
Ao colocar o aluno em contato
com uma nova cultura outro mundo se abre e é preciso fazer com que todos os
conteúdos sejam expostos para que possa existir uma maior linha de conhecimento
para o educando que adentra em uma nova cultura, como, por exemplo, o saber
ser, saber estar. Essa aprendizagem aparece na interação do novo aluno com o
aluno que já conhece os modos culturais do local onde vive. Conhecimentos de
símbolos, convivências de grupos culturais e sociais devem ser apresentados ao
indivíduo que é recém-chegado na cultura local para que o mesmo não se sinta
excluído e aprenda a ser um novo ser sem perder suas características culturais
originais.
Toda cultura tem seus
valores e suas atitudes e a aprendizagem do aluno que está chegando à outra
localidade vai depender da forma como o seu entrosamento será abordado pelo
professor: “A habilidade para relacionar as representações presentes na cultura
dos alunos com a identidade cultural de seus interlocutores” (CAMARÁ e PANTOJA,
2014, p. 89). É função da escola, junto com todo o seu corpo escolar, fazer
essa ligação entre indivíduos (que vêm de outras localidades) com a comunidade
local para que a educação aplique a interculturalidade de forma única e segura
nos novos cidadãos. Para interligar novos cidadãos em uma cultura não se deve
centrar a sua formação apenas na linguagem, mas
em todo o conjunto de saberes e valores que compõem uma sociedade. Aspectos
formais e não formais devem ser colocados para o novo cidadão e fazê-lo
entender suas diferenças e similaridades entre a sua cultura de origem e a nova
cultura à qual está sendo inserido. .
A interculturalidade, por se
tratar de algo ainda recente dentro da realidade brasileira, está caminhando a
pequenos passos, mas sua eficácia se traduz na forma como pessoas vindas de
outros países acabaram se adequando à cultura local, perfazendo valer a
educação e a sua interação em apresentar a língua, a cultura, os valores e o
respeito que se demostra com o outro. Ao traduzir essa linguagem educacional
para o novo cidadão, lhe é resguardado o direito de conhecer novos costumes e, ao
mesmo tempo, interagir com eles, mantendo a sua cultura raiz como base de sua
cidadania, do seu ser cultural que é rico em valores e costumes, podendo, assim,
retransmiti-la futuramente a outros de sua linhagem.
Para colaborar com a
interculturalidade ainda se pode citar a AICLE[1],
que auxilia o professor no processo de compreender e fazer outros alunos
internalizarem a língua materna e outra língua, ou seja, um processo bilíngue
que facilita muito no engajamento de um indivíduo em outra cultura. Por existir
cada vez mais uma globalização estendida em todo o mundo, aprender uma segunda
língua se torna parte de um processo educacional que transporta o aluno para outra
cultura, mesmo ele estando dentro da sala de aula. Nesse sentido, a AICLE deve
ser uma excelente auxiliar no processo de interculturalização do indivíduo.
Sabendo-se que ferramentas tecnológicas são objetos usados para o processo de
comunicação e educação, pode-se colocar a AICLE como colaboradora da
interculturalidade interculturalidade para que projetos
de integração sejam elos de colocação do novo ser em uma nova cultura – e daí a
sua importante parceria na tríade educação-interculturalidade-cidadania.
Importante salientar a dedicação
do professor para essa interação sobre linguagens culturais, porque dela
partirá a formação do aluno na sua nova comunidade cultural. Dentro dessa
perspectiva, cabe à escola ser a melhor gestora e ao professor ter uma boa
formação para que alunos não fiquem à margem de uma sociedade cultural ou educacional.
É elemento essencial do currículo escolar criar métodos para que a
interculturalidade possa fazer parte da grade de disciplinas e, assim, ajudar
na formação de novos alunos e que essa instrução seja ampliada para uma
convivência de respeito entre culturas e dotada de responsabilidade social e
educacional.
Mesmo diante de um grande
crescimento educacional, a interculturalidade vem sendo pouco trabalhada e não
é por culpa das escolas, mas por que a formação do professor só começou a
discutir muito recentemente a interculturalidade como parte da matriz
curricular, seja nas escolas, seja na universidade. Para os padrões europeus, a
interculturalidade está sendo bem desenvolvida, mas no Brasil os debates ainda
são lentos e, mesmo assim, não se aplicam em toda escola que recebe pessoas
oriundas de outros países.
Com a crescente onda de
emigração e a aceitação desses emigrantes em outra cultura, faz-se necessário
uma mudança no currículo escolar para que a educação passe a internalizar a
interculturalidade como um processo de integração cultural valioso, com a troca
de informações, de valores e de conhecimentos, elevando assim, a cultura local
e a cultura raiz de cada indivíduo, não deixando morrer as suas origens
culturais e proporcionando ao aluno um ganho de conhecimentos sem deixar morrer
suas experiências adquiridas na sua cultura natal.